quarta-feira, novembro 29, 2006

Fernando Carvalho no Pele.net

Presidente do Inter exalta sucesso da política de 'pés no chão'

Em ritmo de despedida do cargo, Fernando Carvalho diz que o Colorado venceu a Libertadores porque não fez loucuras e firmou bons contratos.

Evandro César Lopes, especial para o Pelé.Net

PORTO ALEGRE - Empolgado com o sucesso do Internacional na temporada, o presidente Fernando Carvalho avalia que a política de contratações do clube gaúcho, pautada pelo "pés no chão", foi um dos trunfos na conquista da Copa Libertadores. Em entrevista ao Pelé.Net, o dirigente confirmou que o clube manterá a postura administrativa para os próximos anos e descartou a chegada de "medalhões", como desejavam alguns torcedores.

Em ritmo de despedida do cargo, Carvalho, que permanece no comando até janeiro de 2007, acredita que o principal mérito do time gaúcho é utilizar de maneira correta a Lei Pelé, questionadas por grande parte dos dirigentes no país. "Não fazemos contratos de apenas um ano. Praticamente todos o vínculos são feitos por três anos ou mais", justificou.

Após cinco anos e dois mandatos no comando do Colorado, o mandatário, obedecendo o estatuto do clube, não pôde se candidatar a uma nova reeleição. Apoiado por Fernando, Vitório Píffero foi o único candidato à presidência e passa a comandar a agremiação no ano que vem.

Apesar do bom momento, Carvalho não esconde que a venda de jogadores é a única forma de manter as contas do clube em dia. No entanto, segundo o dirigente, o principal objetivo da nova diretoria do clube deve ser diminuir o déficit gerado pelo departamento de futebol, que só se sustenta com a venda das principais promessas coloradas ao exterior.

Sobre o Mundial do Japão, o dirigente se mostra confiante e acredita que o time irá superar as saídas de Tinga, Rafael Sóbis e Bolívar, que deixaram o Colorado após o título sul-americano.

Pelé.Net - Após lutar contra a Série B em 2002, o Inter se transformou em um clube de ponta e, desde então, jamais saiu do grupo dos dez melhores do Nacional. Qual o principal mérito do clube nestes últimos quatro anos?Fernando Carvalho - Nosso principal mérito é a interpretação da Lei Pelé. Não fazemos contratos de apenas um ano. Praticamente todos os vínculos são feitos por três anos ou mais. No início percebi que os jogadores que assinavam por apenas uma temporada encerravam o ano já procurando outra equipe para jogar. Isso é ruim porque deixa o clube sem perspectiva. Nota da redação: Implantada em 1998, a Lei Pelé modificou a relação trabalhista entre os clubes e seus jogadores. Antes presos aos empregadores através da lei do passe, os atletas passaram a ter como único vínculo seu contrato de trabalho. Caso não exista uma renovação até seis meses antes do término do compromisso, o empregado pode assinar novo contrato com qualquer outro clube, sem o pagamento de multa.

Pelé.Net - O Inter não apresentou uma grande contratação para disputar a principal competição de sua história. É possível vencer o torneio com o atual elenco?Fernando Carvalho - Não acredito em contratações bombásticas, e o Inter não iria trazer um atleta apenas para jogar o Mundial. Trazer um jogador para depois sair por aí atrás de como pagar é loucura. Creio que este elenco pode jogar até melhor do que o que venceu a Libertadores. Temos jogadores em fase de crescimento e que podem render ainda muito mais.

Pelé.Net - O Inter vendeu alguns de seus principais jogadores após a conquista da Libertadores, casos de Tinga e Rafael Sobis. É possível dizer que o clube não irá vender mais nenhum atleta a curto prazo?Fernando Carvalho - No Brasil é impossível gerenciar uma equipe sem pensar em vender os jogadores para o exterior. Já temos programado para janeiro a venda de mais um de nossos jogadores. No entanto, sempre tentamos suprir esta perda antes de ela acontecer. Tratamos esta questão de maneira muito realista. Existe um momento no qual você não consegue mais segurar um jogador em sua equipe. Veja o São Paulo, por exemplo, que perdeu Fabão, Danilo e pode ficar sem o Mineiro.

Pelé.Net - Para você, qual jogador deve ser apontado como o melhor da temporada no Brasil?Fernando Carvalho - Para mim, sem dúvida, é o Fernandão. Ele tem uma visão de jogo muito boa. Este sim seria uma grande perda para o elenco e para nossa torcida. Tecnicamente poderia ser até possível trazer outro jogador, mas, pelo carisma que tem, fica complicado. O Fernandão joga de maneira simples. Você pode perceber que ele não executa nem mesmo um drible durante todo jogo, mas sabe o que fazer com a bola.

Pelé.Net - Após o senhor deixar o cargo, qual deve ser a principal meta da nova diretoria?Fernando Carvalho - As bases da gestão não vão mudar. Temos alguns planos que devem ser cumpridos. O principal deles deve ser a adequação do estádio do Beira Rio para a Copa do Mundo de 2014. Os próximos cinco anos serão fundamentais para esta remodelação. Temos também um projeto de venda das chamadas "suítes" para as empresas que se interessarem. Hoje temos seis camarotes como estes espalhados pelo Beira Rio, onde é possível assistir às partidas, mas também fazer reuniões e até mesmo alguns eventos, com todo conforto. Cada aluguel custa cerca de R$ 100 mil hoje e no futuro deve cair para cerca de R$ 70 mil pagos anualmente. Nossa intenção é construir até cem áreas como estas, que devem fazer com que o clube já inicie a temporada com cerca de R$ 7 milhões no bolso.

Pelé.Net - Mas gastos como estes não deixarão a equipe de futebol em segundo plano?Fernando Carvalho - Nossa gestão é continuará sendo baseada no futebol. O importante é ter atenção com as categorias de base, nas quais continuaremos investindo. Só gastamos o que podemos gastar. Acredito que o Inter hoje ocupa, ao lado do São Paulo, o posto de melhor clube do país. Eles devem vencer o Brasileiro, nós estamos em segundo, mas ganhamos a Libertadores.

Pelé.Net - E como ficará a situação do técnico Abel Braga. O Inter teme perder o treinador para o futebol europeu?Fernando Carvalho - Já estamos conversando com o Abel para que ele renove, assim como alguns jogadores do elenco, como o Fabinho e o Fabiano Eller. Acredito que todos eles devam permanecer no Inter.

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