segunda-feira, dezembro 04, 2006

Pato e Puskas

Galera, eu sou um fã incondicional do Luis Fernando Veríssimo, que além de colorado é um ótimo escritor.. Colo aqui, para quem não viu a coluna dele de hoje da Zero Hora, e que é reproduzida no Brasil inteiro.

Todo torcedor de futebol tem o mesmo sonho: que o próximo Pelé apareça no seu time. Qualquer indício de que isso pode estar por acontecer, qualquer prenúncio - como a frase "Tem um garoto surgindo nos juvenis que não sei não" - reacende a esperança e alimenta o sonho. Será ele? O próximo Pelé é como o novo Dalai Lama, que pode surgir em qualquer lugar, não necessariamente no Tibet. O próximo Pelé pode estar crescendo neste exato momento numa categoria de base de qualquer clube do Brasil, mesmo nos que "categoria de base" seria um nome pomposo demais para seu estoque de garotos esperando a vez.

"Pelé", no caso, é um nome genérico. Já surgiram outros Pelés, ou meio-Pelés, ou pseudo-Pelés, depois do primeiro. Pelé deu o nome à categoria quando chegou à seleção brasileira e a uma Copa do Mundo com apenas 17 anos, em 1958, na Suécia. Um feito inédito. Desde então o futebol brasileiro vive à espreita de jogadores de 17 anos que repitam o fenômeno. Ronaldinho Gaúcho é o exemplo mais notório de um "Pelé" recente. Se criou no Grêmio de Porto Alegre. O arqui-rival Internacional, que sempre foi um manancial de meio-campistas (Falcão, Carpegiani), mudou de linha e passou a produzir atacantes (Nilmar, Rafael Sobis) como candidatos a "Pelés". E ultimamente, de quem convivia com as categorias de base do Inter, começou-se a ouvir muito a frase premonitória: "Tem um garoto surgindo aí que..."

Era o Pato. Ele estreou no time principal do Inter no outro fim de semana. Com 17 anos. Arrasou. Não se sabe se é mesmo tudo que aparenta ser. Ainda terá que passar por algumas provas para provar sua divindade. Aliás, como o Dalai Lama. Mas a torcida do Internacional agora também começou a sonhar com o campeonato do mundo.

Eu sei, já devo ter contado que vi o Charlie Parker tocar umas duzentas vezes. Mas quantas vezes contei que vi o Puskas jogar? Está bem, cem vezes. Pois vi. 1959. Fui assistir a um Real Madrid contra Atlético de Madrid - em Madri, onde mais? O ataque do Real Madrid tinha o francês Coppa, o húngaro Puskas, o argentino Di Stefano e o, suponho, espanhol Gento. O time já era, então, uma seleção mundial. Ganhou a partida, que é uma das lembranças futebolísticas que guardo num estojo.

O Puskas jogava com aquela naturalidade que identifica o craque instintivo, o craque de nascença, e cuja última grande manifestação que vimos foi o Zidane na Alemanha. Ou foi o Pato em São Paulo?

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